segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Tenho-te e não te tenho!
E nesta vontade imensa de te ter,
penso em te saber...
Tenho-te e não te tenho!
E fico sem a certeza de que alguma vez te
tive...
Tenho-te e não te tenho!
E se alguma vez tive,
porque não ficaste comigo?
Tenho-te e não te tenho!
E o meu leito é só saudade,
dessa saudade transparente...
que aparece quando voltas no meu
devaneio!
Tenho-te e não te tenho!
E tenho um rio de amargura
à espera de desaguar no mar...
Porque tenho-te e não te tenho!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Um caso de poesia...
"Paulo tinha fama de mentiroso.
Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da
independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que
caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito
queijo, e ele provou e tinha gosto a queijo. Desta vez Paulo não só ficou
sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra
passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador
para transportá -lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
– Nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia."
in "Histórias para o Rei" de Carlos Drummond de Andrade
Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da
independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que
caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito
queijo, e ele provou e tinha gosto a queijo. Desta vez Paulo não só ficou
sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra
passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador
para transportá -lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
– Nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia."
in "Histórias para o Rei" de Carlos Drummond de Andrade
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Carlos Drumond de Andrade,
Histórias para o Rei
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