domingo, 22 de fevereiro de 2009

Poesias

Poesias…
Gritos de socorro petrificados
Na vã fotografia das palavras.
Berros agudos e surdos que não calam
E flúem céleres no silêncio!
Atrocidades? Espinhos pontiagudos
Que rompem o tecido podre das pedras,
Que dormem mudas, com voz pequena e frágil.
Agredidas pelos gritos intensos, aterroradores
Mas sonolentos…não dormem
Porque receiam o fim!
Dormem acordadas um sono que não existe
À espera do beijo deporador para acordar…
O beijo boçal e único beija
Os gritos ilesos que ressurgem do salivar!
Sua saliva trivial mas doce
Abraça as pedras lúgrubes…
Frémitos de água que escorrem
E não molham, beijos secos!
As pedras adormecem dos gritos
De quem se só ouve já um lamento…
Uma indignação de espanto…
Um berrar de lânguidade vã e nua,
Despido de sedução e sensualidade!
Gemidos silenciosos e neutros,
De efeito raso e vazio,
Que não são ouvidos
Porque não existem bons ouvintes.
Gritos ambulantes e objectivos,
Gritos na hipérbole da sinestesia,
Nas palavras abandonadas e magoadas.
Num sono fingido…
Gritos de poesia!

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