Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente-
Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato Faria 1932-2010
Carla, um justo tributo a uma mulher fina, inteligente e linda.
ResponderEliminarMerecido, belo e sentido tributo.
ResponderEliminarParabéns por este espaço que de tão sentido ficou em mim, nesta procura da essência da vida.
Bjo
Uma merecida homenagem a uma avó babada, a uma pessoa com sentido de humor, novelista, cronista, escritora, letrista, e esta imagem sintetiza muito bem o que eu tambem achava dela.
ResponderEliminarparabens.
Sem dúvida uma grande escritora. Esta homenagem é merecida.
ResponderEliminarCarla,
ResponderEliminarMais que merecida homenagem a uma grande mulher e senhora, tão bela por fora como por dentro.
Nunca devemos esquecer de homenagear todos aqueles que são referência para nós, para a nossa cultura.
Bjo de Luz